quinta-feira, 8 de setembro de 2011

D. Pedro, O Carcará

Ontem, depois do trabalho, eu e Nazmy resolvemos passar no Salvador para irmos ao cinema. A fila estava quilométrica e algo me dizia para ir pra casa ver minhas cadelas, então pedi a ele para irmos embora.

 Ao chegarmos em casa, Princesa, a cadela da portaria, veio nos recepcionar e ficou esperando na porta como se quisesse comida. Pegamos a comida, as cadelas e fomos até a portaria.

Chegando lá um vizinho perguntou, apontando para a direção da ave:
- Vocês já viram um Carcará de perto?
Nazmy arrecalou os olhos, fascinado. Parecia criança com brinquedo novo. O Carcará é um filhotão com síndrome de Assun Preto criado em gaiola. Tudo o que ele queria era cafuné. Naz chegou perto, alisou, fotografou e ele nem se incomodou. Eu fui em casa e peguei um lençol e uma caixa para capturarmos a ave.

Com o lençol e a caixa, capturamos a ave e levamos para o Jardim Zoológico, único lugar provável de estar aberto em um feriado. No caminho eu fui segurando a caixa e fazendo cafuné porque se eu parasse ele piava em sinal de protesto.

Ao chegar no ZOO, o segurança não nos deixou entrar e quis nos impedir de falar com a administração. Ligamos para o Ibama e para outros órgãos de proteção da nossa fauna, mas ninguém atendeu.

Após perceber que não sairíamos dali sem resolver o problema, o segurança chamou a bióloga Ana que nos recepcionou com mais dois biológos (estagiários).

A bióloga explicou que o ZOO só pode receber animais se encaminhados por outros órgãos (IBAMA ou COTA) ou se estiver ferido. Seu Lunguinha não resitiu:
- Ele só pode ficar se estiver ferido, é isso?
- É.
- Então o problema está resolvido. Geo, tem uma faca aí? Eu corto ele todinho, aí eles podem atender.
Não percebendo a seriedade de fato, a bióloga riu e não levou a ameaça a sério.
Após alguma insistência, Naz já mirando para fotografar a moça, ela finalmente aceitou receber a ave.

Deixamos o Carcará lá, com muita saudade. No caminho para o ZOO o apelidamos de D. Pedro em homenagem ao dia 07 de setembro. Esperamos que D. Pedro conquiste a sua indepêndia e os céus do Nordeste em breve.

Carcará (Chico Buarque)

Carcará
Lá no sertão
É um bicho que avoa que nem avião
É um pássaro malvado
Tem o bico volteado que nem gavião
Carcará
Quando vê roça queimada
Sai voando, cantando,
Carcará
Vai fazer sua caçada
Carcará come inté cobra queimada
Quando chega o tempo da invernada
O sertão não tem mais roça queimada
Carcará mesmo assim num passa fome
Os burrego que nasce na baixada
Carcará
Pega, mata e come
Carcará
Num vai morrer de fome
Carcará
Mais coragem do que home
Carcará
Pega, mata e come
Carcará é malvado, é valentão
É a águia de lá do meu sertão
Os burrego novinho num pode andá
Ele puxa o umbigo inté matá
Carcará
Pega, mata e come
Carcará
Num vai morrer de fome
Carcará
Mais coragem do que home
Carcará


Um comentário:

Cris disse...

Pois é minha irmã nessa Terra tão fértil até Carcará que deveria voar agora dá no chão... brincadeiras a parte, que fim terá nossa fauna?
Bjo grande e parabéns pela linda postagem... meu cunhadinho vai virar biólogo ou vet...rsrs